IURI DANTAS
Influenciadas pela entrada de bens de consumo, preços do petróleo e dólar favorável, as importações brasileiras avançaram em agosto, atingindo volume recorde de US$ 17,48 bilhões -no ano, somam US$ 113,94 bilhões. No mês passado, as exportações chegaram a US$ 19,75 bilhões e, de janeiro a agosto, a US$ 130,84 bilhões.
O resultado foi uma queda de 37,7% no superávit comercial em relação aos oito primeiros meses de 2007. O saldo da balança, que auxilia o governo a fechar as contas externas do país, caiu de US$ 27,46 bilhões, de janeiro a agosto de 2007, para US$ 16,91 bilhões, neste ano. Em agosto, o superávit foi de US$ 2,27 bilhões.
A tendência, para os próximos meses, é de redução maior do superávit comercial. Tradicionalmente, as exportações diminuem o ritmo nos últimos meses do ano, justamente quando aumentam as importações. Especialistas ouvidos pela Folha discordam do cenário para o restante do ano.
Para Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores, as importações se aproximam de um teto, levando em conta, entre outros fatores, a expansão do crédito no país. "As importações estão chegando a um pico, claro que com oscilações."
Para o presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais), Luis Afonso Lima, "a situação não é dramática" como às vésperas da desvalorização cambial de 1999, mas é preciso ficar atento. "Se a gente quisesse suavizar, daria para promover uma restrição pontual ao crédito para evitar essa importação de bens de consumo."
Dados compilados por Lima indicam que as importações de bens de consumo, além de crescerem bastante, estão acelerando esse crescimento com maior quantidade de produtos importados a cada mês. Na outra ponta, a indústria nacional vem diminuindo a quantidade de produtos vendidos lá fora.
O governo rebate. Para o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, a tendência das importações é extremamente favorável, por ser composta em sua maioria de bens de capital e matérias-primas. Ele comemorou a expansão de 29,3% nas vendas externas de janeiro a agosto, a maior desde 2004. "É uma expansão impressionante e dentro da meta do governo de elevar a participação do Brasil no comércio mundial."
Nos 12 meses terminados em agosto, as exportações subiram 25,5%, taxa bastante superior à das exportações mundiais, que devem crescer 15,3% neste ano. A meta oficial é atingir 1,25% do comércio global até o final do governo Lula. O ritmo das exportações também levou o governo a reavaliar a meta de vendas para este ano, fixada em US$ 190 bilhões. O novo número será anunciado em breve.
Durante a apresentação dos dados, Barral destacou a corrente de comércio com a China, que está em segundo lugar nas importações brasileiras. De janeiro a agosto, o Brasil exportou US$ 11,92 bilhões para a China e US$ 18,4 bilhões aos EUA. Mas o ritmo indica que a China pode desbancar os norte-americanos. As exportações para a China crescem à taxa de 67,7% no ano, contra 13,8% de expansão para os EUA.