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Karen Viscardi
A indústria têxtil brasileira está ganhando mercado. Embalados pela alta do dólar, o que melhora as condições competitivas sobre os importados, os produtores locais estão diversificando produção e investindo em novos nichos de mercado. A ordem é atender a toda a demanda de consumo e tentar não repassar os aumentos de custos, de acordo com os expositores da 13ª edição da Fenim, Feira Nacional da Indústria da Moda, que começou ontem, em Gramado, e se encerra na sexta-feira, dia 30 de janeiro.
Na Malharia Anselmi, de Farroupilha, a estratégia de atender a diferentes públicos levou a empresa a criar quatro marcas: Banana Café, Ambicioni, Ricordi e a própria Anselmi. Depois de um 2008 estável, o proprietário Reni Alselmi está confiante sobre os rumos deste ano. De acordo com ele, o crescimento mínimo será de 10%. Para garantir o bom resultado, Anselmi explica que ampliou os investimentos em design e em marketing, onde contratou a atriz Juliana Paes, e absorveu parte do aumento de custos de mão-de-obra.
Na Brandili, de Apiúna (SC), a alta dos salários dos trabalhadores também impactou, mas a estratégia foi manter os preços. Apenas em tecidos planos, que são importados, o realinhamento de preços foi feito. Para este ano, a empresa está estudando fabricar com Arranjos Produtivos Locais (APLs) esse tipo de tecido para ter melhores preços e um prazo de entrega mais rápido. "O tempo de desenvolvimento se reduz drasticamente na China, entre a negociação e a produção", destaca o diretor comercial Germano Costa.
Em 2008, a Brandili cresceu 21%. Para garantir um resultado positivo neste ano, a empresa ampliou as linhas e hoje oferece mais itens com preços variados, segundo Costa. "Em tempos de crise, as marcas consolidadas, como a Brandili, saem vantajosas", afirma.
Segundo o gerente-geral da importadora paulista Puccini, Zaher Daoui, o dólar mais valorizado impactou imediatamente nas compras feitas na China. "Ampliamos as compras de produtos diferenciados", conta Daoui, explicando que a empresa atende a todos os nichos, mas o público A e AA são os que mais crescem. Com isso, a importadora, uma das maiores do País na área têxtil e que atua há 19 anos, privilegia as parcerias com pequenas boutiques.
Para o diretor da Expovest, Júlio Viana, que organiza a Fenim, a questão cambial não é um impeditivo para os importadores que trabalham sério e que conhecem o mercado. Segundo ele, as empresas que têm um perfil mais exportador podem se beneficiar com o dólar em alta. "Os europeus querem produtos diferenciados e é onde o Brasil é destaque."
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Atualizado em: 27/12/2024 20:59 |