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O (Banco Central) começa hoje a reunião para decidir o futuro dos juros básicos do País. Se depender do mercado financeiro, amanhã à noite, quando os diretores da autoridade monetária revelam o veredicto, a Selic passará de 9,5% para 10% ao ano. Este é o último encontro de 2013 para decidir a taxa. Desta maneira, estima a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), a taxa média do custo dos empréstimos para os consumidores saltará de 5,56% ao mês para 5,60%.
Se confirmada a previsão do mercado financeiro, citada ontem no boletim Focus do BC, será a primeira vez em 20 meses que a Selic atingirá a casa dos dois dígitos. Em março de 2012, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC definiu que os juros básicos seriam reduzidos de 10,50% para 9,75% ao ano. “Na época, o governo federal queria acelerar um pouco a economia ou, no mínimo, mantê-la estável”, pontuou o professor de Macroeconomia e Cenários Econômicos da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) Silvio Paixão.
Hoje, a administração pública tem por objetivo principal, caso eleve a Selic, o controle inflacionário por meio de um ataque direto na demanda que, caso seja reduzida, com pelo menos a estabilidade da oferta, os preços tendem a se manter ou subir mais lentamente.
IMPACTO - Segundo estimativa feita pelo diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, a alta da Selic será repassada imediatamente nas taxas de juros aos consumidores.
Os juros do comércio, por exemplo, passariam de 4,19% para 4,23% ao mês, os do rotativo do cartão de crédito, de 9,37% para 9,41% ao mês, do cheque especial, de 7,89% para 7,93% ao mês e, de financiamentos de veículos, de 1,65% para 1,69%.
Oliveira destacou que a competição no SFN (Sistema Financeiro Nacional) é um dos fatores que vão controlar o acréscimo nas taxas. Na briga por mais demanda de operações de crédito, os bancos deverão repassar apenas o 0,5 ponto percentual da Selic, caso haja expansão.
O professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie Pedro Raffy Vartanian criticou, no entanto, o cenário atual. “Embora a Anefac preveja que haverá um repasse pequeno, os juros no País ainda são muito altos.”
Vartanian ressaltou que, enquanto a Selic está em 9,5% ao ano, cheques especiais e rotativos de cartões de crédito têm juros “gigantescos” perto da sua base. “O problema é que vários outros fatores contribuem para a formação do custo de crédito que chega ao consumidor. Por exemplo, a inadimplência”, explicou.
REAIS - Em simulação, Oliveira disse que uma geladeira no valor de R$ 1.500, com base nos juros atuais do comércio custa, em 12 parcelas e sem entrada, R$ 1.939,14. Com o possível incremento na Selic, o preço total saltaria para R$ 1.943,62, ou seja, alta de R$ 4,48. Em cada parcela de R$ 161,59 seriam acrescidos R$ 0,37.
No caso de um financiamento de veículo no valor de R$ 25 mil e em 60 parcelas sem entrada, o comprador pagaria hoje R$ 39.574,09. Com a Selic em 10% ao ano, o montante seria de R$ 39.974,88, expansão de R$ 400,80.
CASA DO NOVE - Para Paixão, mesmo com a previsão do mercado para 10% ao ano, o governo não deixará a Selic entrar na casa dos dois dígitos. Ele acredita que, mesmo com os esforços da União na tentativa de controlar a inflação, não há pressão dos preços tão forte a ponto de ser necessária uma alta de 0,5 ponto na taxa básica de juros. “O BC tem outros mecanismos para controlar os preços, como trabalhar com o câmbio, regulando a taxa no mercado aberto, ou mexer no compulsório.”
O governo tem um marco para mensurar se os preços estão controlados ou não. A meta de inflação é de 4,5% ao ano, com margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulava, em 12 meses encerrados em outubro, inflação de 5,84%.
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Atualizado em: 29/09/2024 18:24 |